Qual a importância do olfato?
Muito mais do que desfrutar de uma boa comida ou perfume, o olfato tem o papel de ajudar a identificar alimentos tóxicos ou ambientes perigosos, como cheiro de gás ou fumaça. Ele também tem papel importante nas interações sociais: os odores corporais são importantes nas relações entre mãe e bebê e impactam a escolha dos parceiros. E mais ainda, os odores afetam o sistema límbico e se relacionam com a memória e emoções!
No teto da nossa cavidade nasal há um tecido chamado de epitélio olfativo, que abriga neurônios e células sensoriais de suporte. Quando sentimos algum cheiro, essas estruturas detectam o odor e impulsos nervosos são enviados para o cérebro, que processa a informação de que estamos percebendo aquele cheiro. Achados sugerem que a perda da capacidade de sentir cheiros está relacionada a alterações nas células de suporte olfativas, e não a repercussões diretamente nos neurônios.
Além disso, metade do sabor é cheiro: olfato e paladar são “irmãos”, um complementa o outro. Nosso paladar só está apto a identificar cinco sabores: doce, salgado, amargo, azedo e umami (gosto salgado associado ao glutamato monossódico) Todas as demais características de um alimento são provenientes do nariz. Quando se expira, o fluxo de ar que passa pela garganta capta moléculas odoríferas do alimento que está sendo mastigado e soma as informações das papilas gustativas com as do olfato e o resultado é o paladar.
Olfato e COVID-19
Com a pandemia de COVID-19, o olfato ficou ainda mais em evidência. O prejuízo provocado pelo vírus foi divulgado logo nas primeiras semanas de disseminação da doença e desde então tem aparecido com frequência no consultório dos otorrinolaringologistas.
Porém, os distúrbios do olfato já existiam antes da chegada do novo coronavírus e podem ter diversas causas: doenças nasais como rinite, resfriados, quadros gripais, sinusite crônica e pólipos nasais. Também pode se relacionar com lesões cerebrais por traumatismo crânio-encefeálico e doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson. A principal diferença é que na COVID-19 elas ocorrem de forma abrupta e precoce, sem outros sintomas associados.
Na maior parte das vezes, o problema é reversível. Estudos avaliando a ocorrência de distúrbios do olfato na COVID-19 demonstram a ocorrência em 57% até 90% dos pacientes. Em média, o comprometimento dura entre 14 a 30 dias, no entanto esse período pode variar até 6 meses ou mais em 5% da pessoas, dependendo do grau dos sintomas e outros fatores ainda em estudo.
Entre as disfunções que temos encontrado, podemos citar as seguintes:
anosmia: perda completa do olfato;
ageusia: perda completa do paladar;
hiposmia: redução parcial do olfato;
hipogeusia: redução parcial do paladar;
parosmia: percepção distorcida dos cheiros;
fantosmia: percepção de cheiros inexistentes.
Avaliação do olfato
A testagem do olfato, apesar de não ser comum no dia a dia do consultório, é uma arma poderosa para avaliar o grau de perda ou redução e também a evolução do problema.
No teste olfatório são apresentadas diversas substâncias diferentes e conhecidas para identificação através do olfato. Ele é realizado durante a consulta, não apresenta qualquer tipo de risco ou desconforto para o paciente. Assim, conseguimos mensurar e comparar a evolução do olfato, trazendo mais tranquilidade ao médico e ao paciente.
E o que podemos fazer para melhorar nosso olfato?
Ao primeiro sinal de algum distúrbio, podemos iniciar o “treinamento olfatório”. Ele funciona como uma reabilitação, estimulando diversas regiões do nervo olfatório. Não apresenta riscos nem contraindicações.
Para o que casos que não evoluem rapidamente, podemos associar medicamentos específicos e vitaminas. Também, se a pessoa tem problemas nasais associados, o uso de medicamentos nasais pode ser considerado.